Acordei, abri a janela e no cantinho, lá estava ele. Embora eu tenha gostado da visita, peguei um papel e fui empurrando o bichinho para o lado de fora. Mas ele não se mexia. Dei por morto. Chorei a morte do meu mais novo e morto companheiro.
Fui ao banheiro pegar um papel, agora, para secar meu choro por ter matado, talvez espremido, um bichinho tão molenga e sem graça. Pois não é que quando voltei ao quarto, lá estava ele passeando pela janela? E vivo??
Como é que pode, até um bicho desses me enganando? Pois coloquei para fora foi no grito! Onde já se viu uma coisa dessa?
Como é que pode, até um bicho desses me enganando? Pois coloquei para fora foi no grito! Onde já se viu uma coisa dessa?
Fechei a janela para garantir que ele tinha ido embora, mas o calor tomou conta do quarto e abri os vidros novamente. Olhei para o lado de fora do prédio e ali, logo abaixo da janela, estava ele, com a cabecinha levantada esperando uma fresta para entrar. Claro que de olhar seus olhos arregalados, senti uma vontade de saber até onde ele iria. Deixei entrar. E se não fosse a foto, seria uma bela metáfora.
Texto: Duane Valentim
Foto: Duane Valentim