Ela queria que mais um dia, o dia fosse noite. Aquela noite.
Noite dela, de cabelo gelado de sereno, de música alta, de fumaça que engasga, do
corpo que dança. E assim, calar o grito de dentro, o choro preso na
garganta, a inércia da sempre espera que espera.
Aquela noite. Só dela, das
vontades dela. Sem olhos desbotados, sem risadas mudas, sem goles pequenos.
Mas o dia invadiu a noite dela. Fez amanhecer dentro dela. Fez os olhos enxergarem o que na noite ela não via. Fez a música calar e ela escutar a dor que de dentro vinha. Fez a bebida cair salgada pelo seu rosto. Fez seu corpo dobrar ao meio. Estava fadada a não viver a noite. Noites, só do lado de dentro.
O dia machucava. Ela sorria.
Mas o dia invadiu a noite dela. Fez amanhecer dentro dela. Fez os olhos enxergarem o que na noite ela não via. Fez a música calar e ela escutar a dor que de dentro vinha. Fez a bebida cair salgada pelo seu rosto. Fez seu corpo dobrar ao meio. Estava fadada a não viver a noite. Noites, só do lado de dentro.
O dia machucava. Ela sorria.
Texto: Duane Valentim
Imagem: Duane Valentim
:)
ResponderExcluir