sábado, 25 de julho de 2009

Verdades Inventadas

Não sei me defender. Definitivamente não sei.

A sensação dolorosa que fica latejando aqui dentro, não é baseada na realidade dos momentos que vivo mas sim, em toda uma criação fantasiosa simulada por mim a fim de impedir qualquer possibilidade de tranqüilidade.

Não sei me defender dos meus pensamentos
e seus espaços sem mobílias;

Dos meus argumentos
e suas verdades empoeiradas;

Das minhas palavras
e seus ritmos riscados;

Dos meus gestos
e suas roupas gastas.

Definitivamente não sei me defender de todo esse caos que eu mesma crio logo após ver você partindo sem nem ter deixado mapas para que te seguisse, sem nem ter me deixado entender que apenas passaria... e só.

Não estar armada abre, diante de meus pés, todo um abismo de idéias ilusórias que ora me consome e ora me sustenta para que a harmonia entre o mundo lá de fora e o mundo aqui de dentro nunca esteja em equilíbrio.

A sensação que machuca aqui dentro é tão mentirosa quanto à verdade que inventei ai de fora.
Tudo porque não sei me defender. Definitivamente, não sei.


(Duane Valentim)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sensações do vazio



Que sensação estranha esta que prende teus pés no chão e te faz permanecer em uma inércia dos sem sentidos, como se o mundo todo rodasse, todas as pessoas passassem mas teus pés continuassem presos em elos imaginários.

Que sensação estranha esta que deseja a rejeição, que rejeita qualquer outro afeto, que borbulha sem trajeto e que ao mesmo tempo que te enfraquece, te alimenta.

Que sensação estranha esta que te agarra durante as noites, durante os sons mais altos, nas conversas mais longas e que te solta por pequenos instantes para que tu mesmo tenhas vontade de te prender novamente.

Que sensação estranha esta que borbulha dentro de um vazio, que te entristece nos instantes menos esperáveis, nos lugares menos prováveis e que te faz desejar estar só, que te faz desejar estar quieto, que te faz desejar o nada, absolutamente nada.

Que sensação estranha esta que te consome pouco a pouco...
Sempre:
Lenta
E silenciosamente.

(Duane Valentim)

domingo, 5 de julho de 2009

Bastidores


Ele nunca percebeu que as mãos dela tremiam quando ele se aproximava.
Ele nunca soube das noites que os olhos teimavam em não fechar.
Ele nunca pensou no quanto ela pensava.

Ela nunca entendeu o que os ligava.
Ela nunca questionou tudo o que faltava.
Ela nunca entardeceu durante as madrugadas.

E eles nunca dividiram o mesmo sonho.
E eles nunca terminaram a mesma conversa.
E eles nunca se distanciaram desde a primeira festa.

Era como se algo de dentro gritasse pra fora.
Era como se algo de fora girasse pra dentro.
Era como se algo de longe guiasse pra perto.

E ela sempre correspondia aos paradoxos dele.

E ele sempre correspondia às inspirações dela.
E eram dois. E eram eternos.


(Duane Valentim)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Cambaleando


Entre mãos dadas e olhos molhados
Entre palavras macias e de desagrado
Entre o tempo que corre e que não passa

Cambaleamos...

Entre tardes de sol e sorrisos noturnos
Entre abraços e afagos
Entre músicas e filosofias

Cambaleamos...

E cambaleando, sonhando e sentindo.
Cambaleando, sentindo e sonhando.
E cambaleando...seguindo...
(Duane Valentim)