segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ainda não



Eu estava sentada em uma mesa da lanchonete esperando meu lanche ficar pronto para eu levar para casa. Sentada sozinha em frente à porta e de costas para a rua. Foi quando vi um lanche embrulhadinho sendo colocado em uma sacola e o garçom perguntando “de que mesa que é?”. O outro garçom apontou para mim e disse:

- É daquela mulher!

Daquela mulher? Mulher? Como assim “mulher”? Repete!! Não! Não repete!!

Não fiz nenhum gesto que indicasse que sim, o lanche era realmente meu. No mínimo devem ter pensado que além de mulher, eu fosse surda, mas aquela palavra (esta palavra, essa palavra) ficou ecoando no meu ouvindo. Em qual momento se fez a transformação?

Trouxe o lanche na sacola e a palavra nas costas. Tão pesada!

Na porta do prédio, duas meninas esperavam uma terceira chegar. Tão jovens! Senti saudades de mim! Maldita hora fui ter fome! Da próxima vez, ligo e peço para entregarem em casa!



Texto: Duane Valentim

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