quarta-feira, 22 de maio de 2013

Amanheceu




Anoiteceu dentro dos meus olhos, de um escuro dessas noites em que a imaginação flutua pelas paredes do quarto, na sempre dúvida da certeza daquilo que se faz. E não há certezas além do não - ver  que tateia, do sentir que me rodeia, do vazio que se repousa aos pés da cama.

Quisera eu que o copo estivesse completo de certezas e que cada gole diluísse as minhas mãos trêmulas e sedentas de repetir o instante de antes. Quisera eu cravar as unhas no escuro dos meus olhos e tirar de dentro as incertezas amanhecidas e acumuladas diariamente, todas as manhãs, das mãos solitárias e largadas na beirada da cama.

Acreditar não ter sonhado é o que me tira desse quarto flutuante. 
Amanheceu.



Texto: Duane Valentim
Imagem: Edward Hopper - Morning Sun

Um comentário:

  1. acredite ter sonhado. só assim o escuro solitário não dói!
    adoro ler você!

    um beijo,

    pri.

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