Em um desses dias lentos e
chuvosos, desses que não se tem nada para fazer e que se tivesse, também não
seria feito, tive a grande ideia de ficar vendo várias das fotos guardadas,
carinhosamente, nos últimos cinco ou seis anos.
Juntando o dia cinzento, a
melancolia de cada gota de chuva na janela e a saudade vinda de dentro de cada
foto, fui me lembrando, com tristeza, das vidas divididas no passado e que
andam, agora, com as mãos distantes.
A casa, tão pequenina, vivia
cheia. Cheia de risadas, de sonhos, de terapia. Cheia de ideologias, de discussões
sobre as injustiças do mundo e do sistema. Cheia de teorias sobre o amor
misturadas com o cheiro da fumaça de cigarro. Misturadas com nossos medos do
futuro e com os pelos do gato da vizinha.
Eu não sei ao certo onde foi que
isso tudo se perdeu. Sei apenas que as coisas foram caminhando, caminhando e
caminhando, até eu chegar à casa grande. A casa grande tem histórias novas e
muitas fotos ainda para serem tiradas, mas sinto uma saudade enorme do vivido
lá. E a culpa foi toda cinza, que não conseguiu trazer a casa pequena dentro da
casa grande. Caberia.
Texto: Duane Valentim
Foto: Aniversário 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário