domingo, 16 de dezembro de 2012

No ônibus



...pois lhe conto mais, Carlos, meu amigo. Quando a vi pela primeira vez naquela festa (lembro-me como se fosse hoje), meus olhos pararam nos olhos dela e eu pensei: “que mulher linda!”. Como que lendo meus pensamentos, ela sorriu, e então eu pensei ainda mais alto a fim de convencê-la: “realmente linda!”. Só depois de um longo tempo (estava esperando minhas pernas se moverem!), é que criei coragem de ir conversar com ela. Foi aí, nesse ponto que eu errei. Não deveria ter conversado com ela, deveria ter mantido apenas a imagem da mulher linda e não a imagem da mulher linda, da voz doce, da conversa envolvente, da energia transpirante e do riso delicioso. E digo ainda mais Carlos: se errei ao descobrir essa mulher, imagine na imensidão do erro que cometi ao retirá-la da festa e levá-la para casa. Belos momentos (esses eu guardo, não conto!). Sei que não só a achei especial, como ela me fez acreditar que ela era especial, e eu juro Carlos, que eu acreditei nisso. Mas aí os encontros foram se tornando cada vez mais frequentes e o tempo foi levando embora aquela imagem da mulher maravilhosa do começo. E depois, meu amigo, conheci a Claudia... essa sim era linda! Nunca vi tanta beleza em uma mulher só! Foi por isso que disse que errei em ter conversado com a primeira. A segunda é bem mais interessante! Agora tenho me encontrado com a Cláudia, Carlos...


Texto: Duane Valentim

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