sábado, 16 de abril de 2011

Anônimo


As portas estavam sempre abertas, mas era dele o hábito de esconder o silêncio dos seus olhos pelos cantos da casa. Também eram dele a voz macia e as mãos pesadas; os traços fortes, o sorriso pausado.

E era dele conseguir se dividir em dois: um pedaço flutuava, o outro se amarrava ao chão. Uma parte ele inventava, a outra, ele mesmo duvidava. E queria estar em todos os lugares, e não queria estar em lugar nenhum.

E ele trocava os nomes, tocava os rostos, trocava os amores. Caminhava sem pressa por espaços inabitados, deixando, em cada partida, outros olhos silenciados.



Texto: Duane Valentim

Um comentário:

  1. Nossa, gostei dessas imagens que vc construiu: "era dele o hábito de esconder o silêncio dos seus olhos pelos cantos da casa" silêncio dos seus olhos, vc é uma poeta mor.

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