segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Aquele dia

Ela saiu correndo de casa, como sempre brigando com o relógio. O cabelo todo desarrumado, mochila nas costas e foi. As pernas permaneciam no ritmo acelerado que podiam até que bambearam. Pararam. Pararam assim que os olhos trombaram, no susto, com a imagem que não queriam ver.

Respirou. Viu os degraus. Brigou com as pernas e correu. Passou em frente. Não respirou. Olhou. Doeu. Sangrou. Uma lágrima saltou até as pontas dos pés. Outras vinham surgindo, e surgindo e surgindo. A boca emudeceu.

Correu o mais que pode para levar os olhos para longe. A respiração voltou. Sentou em um banco. Tremia ainda mas tinha fugido. As pernas reclamaram mas entenderam que é preciso correr para não doer. E assim fez. E assim faz.



Texto: Duane Valentim

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