domingo, 1 de agosto de 2010

O Eu no Outro. O Outro em Mim.

O mês começou com um espinho cravado no dedo e outro no coração. O desespero alimentava e as lágrimas matavam a sede. O rosto pálido, os lábios cortados, as unhas roídas. A cama era o palácio e o sono era quem adiava as dores.

Foi para a rua mudar a paisagem do quarto. Sentou-se no banco de uma praça solitária. Chorou mais um pouco para não perder o hábito. Desligou o volume da rua e concentrou-se no pior de si.

Olhou uma criança que passava: pés no chão, rosto sujo, roupa rasgada.

Foi a primeira vez que sentiu vergonha de seus problemas.



Texto: Duane Valentim

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