sábado, 17 de agosto de 2013

Evaporar






No evaporar do sempre,
Eu queria só o brilhar dos olhos dela.
Ela queria os meus para sempre.

No alimentar daquilo que não se sente.
No movimento que ela teme, mas consente.
No querer inocente, dela.
Na inércia inconsciente, minha.

Na mão dela dentro da minha.
Na luz fria da madrugada fria.
Eu queria estar com ela?
Ela queria as noites minhas.

Olhos que chegam, cada par diferente.
Me afasto do querer dela.
Ela finge que não sente.


Texto: Duane Valentim
Fotografia: Cerejeira



domingo, 4 de agosto de 2013

Um minuto de sonho


Andei pendurando meus sonhos todos nas paredes do meu quarto. Estavam todos ali, coloridos e parados. E eu contemplava cada um deles: os já conquistados, os modificados, os trocados...Ah! Quando orgulho eu daria ao realizá-los!
Por esses dias, me sentei e olhei pelas paredes do quarto: não enxergava nada, nenhum dos quadros. Talvez fossem meus olhos molhados de sempre, ou a cabeça-baixa-cansada que não me deixavam ver os sonhos pendurados, ou eram meu olhos que estavam pendurados, ou os quadros é que estavam cansados, ou era eu quem estava pendurada na parede. 
Parada na parede. 
Sem cor.
Sozinha.
Sem nada.


Texto: Duane Valentim
Imagem: René Magritte