quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Rajada

E o que me corrói aqui dentro, não é essa sujeira toda que já me acostumei a ver, não é essa falta de caráter que transborda e nem essa dissimulação toda que ri de si própria.

O que me queima aqui dentro, não é o tempo gasto, o tempo não dormido, nem o tempo que deixei ir escorrendo entre os meus sonhos frustrados.

O que me corrói, o que queima, o que dói, é o queixo travado e os dentes apertados. O silenciar do grito de revolta.

E esse tempo todo, essa mentira toda. Os dedos corroídos, as pernas atrofiadas. Os olhos parados no teto, esse tempo todo. Esses dedos, essa mentira toda. O tempo parado no teto. Pernas mentirosas, olhos atrofiados nesse tempo todo no teto corroído. Mentiras atrofiadas, nesse tempo todo que corroeu.


Texto: Duane Valentim

Um comentário:

  1. Se eu tivesse um minimo dom de traduzir as batidas do meu coração ele diria exatamente isso.

    ResponderExcluir