E ela caminha na calçada larga em direção ao lugar - nenhum onde ninguém a espera. Vai espalhando seu perfume e balançando seus cabelos de um lado para o outro como se soubesse exatamente o caminho a ser percorrido por seus pés. Ela sorri com ar de mulher bem resolvida e vai esbarrando, com seus olhos, os olhos que a admiram.
E enquanto ela segue sustentando a imagem que criou, por dentro, se multiplicam os fantasmas entre as paredes trincadas que a sustenta. Traz consigo todos os planos frustrados, os desejos camuflados e suas certezas embriagadas.
E pode ser que tenha guardado restos dela mesma na bolsa pesada que carrega. Pode até ser que entre uma palavra e outra, escape o silencio sombrio das horas choradas. E ela sabe que por fora são flores, por dentro, desertos. Mas ninguém nota. Segue caminhando...
Texto: Duane Valentim
Imagem: Gustav Klimt
humm..inspirada já cedo!?rs
ResponderExcluirdu, adorei o texto e essa ideia de dividir a parte dos outros e a nossa. acho que vc é o exemplo mais claro dessa divisão e que só vc acha que "ninguém nota".rs
garota forte e sensivel, parabéns!
beijo,
Ju.