domingo, 22 de maio de 2011

O livro


O livro se soltou de suas mãos e foi cair de ponta em cima do pé esquerdo. As mãos, com remorso, correram socorrer o pé, mas as lágrimas já escorriam pelos cantos do rosto. Era só um livro e doeu pouco, mas aquela foi a desculpa para seguir chorando: agora ela tinha um motivo. Agora ela podia chorar a vontade. Se alguém perguntasse, a culpa era do livro! O pé estava vermelho, mais vermelho por culpa das mãos que o apertavam que por conta do livro, mas agora ela podia inventar uma dor para doer. Inventou tanto, que acreditou na própria mentira. Mentira que vivia.

Soluçava.


Texto: Duane Valentim
Imagem: Edward Hopper

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