Era um vestido novo. Vinha acompanhado por minhas mãos desastradas que seguravam um copo de vinho. Não demorou muito para que, como de costume, eu derrubasse todo o líquido do copo nas bordas do vestido.
Vinho mancha. Manchei meu vestido.
Enquanto olhava a mancha que se espalhava no pano branco, pus-me a pensar em quantas outras manchas vamos acumulando ao longo da vida. Manchas que não saem com sabão e nem com o tempo. Manchas que estragam, que cheiram mal, que corroem, que entristecem.
Algumas delas são derramadas por nós mesmo, muitas vezes, sem nos darmos conta de que irá manchar. Outras são derivadas de esbarrões que cometemos em pessoas que já estão por transbordar.
Algumas manchas são involuntárias e nos causam raiva porque estragam o passeio. Outras são propositais e, normalmente, não nos atinge: espirram em quem mais próximo de nós estiver.
Mas o que mais me entristece não são as manchas em si _ mesmo porque, manchas existem e estão aí para toda e qualquer mão desastrada_ mas o fato de buscarem sempre o que temos de novo e mancharem tudo, por fora e por dentro do pano.
Era um vestido novo.
Era um vestido novo.
Vinho mancha. Mancharam meu vestido.
(Duane Valentim)
Era novo... E mesmo assim (com de costume) manchou o vestido? Mas porque?
ResponderExcluirAs pessoas tem tanto cuidado com o que é novo. Se era novo, porque sujou? Esse costume de não cuidar direito das coisas acaba as manchando. Agora se foi um esbarrão, menos mal. Mas logo você? Que tal tomar mais conta daquilo que é seu? E mais: por que não pare de pensar nas manchas? O tempo anda rápido demais, não dá tempo de limpar! E não culpe o vinho. As manchas são causadas por você! Pense nisso...
(Belíssimo texto)
Alexandre conselheiro. :)
ResponderExcluirGostei, Du. Vem, o texto, meio que em tom de interlocução, não é? Como você falasse a alguém. As metáforas são ótimas!
Eu escrevi algo novo; um poema dessa vez. Veja lá!