sábado, 14 de novembro de 2009

Invertido





Afirmam que o fim vem depois do começo.

Ou este conceito é usado para termos didáticos ou eu, no meu desconcerto interno, é que vivo o contrário.

Impossível negar: É só quando algo acaba que começo a pensar incessantemente.

Meu início não antecede o fim. O fim vem primeiro e é ele o gerador de todas as buscas de um outro, e novo, começo.

(Duane Valentim)

sábado, 7 de novembro de 2009

Nossos Ventos


Fiz com que o som ao meu redor aumentasse para que eu não conseguisse distinguir uma só voz no meio daquela multidão. Fiz questão de fechar os olhos e entregar meu corpo ao balanço da música que eu mal sabia qual era. Fiz questão de deixar meus braços soltos esbarrando com todos os demais a minha volta.

E o vento me tocou.

Abri meus olhos bravos. Endureci os braços e caminhei em direção a caixa de som. Encostei meus ouvidos o mais que pude até sentir vibrar todo o silêncio que estava dentro de mim. Fechei os olhos novamente, tombei os braços e fiz o possível para que dessa vez o vento sumisse e eu sossegasse.

E o vento chegou perto de mansinho e assoprou bem baixinho: Sorria!

Obedecendo, dei-me conta de que o vento todo estava dentro de mim e que não importava quanta força eu fizesse para me desligar do universo ao meu redor que ele estaria li, mais próximo do que todos os eus dos quais me constitui.

Porque o que há de maior em todas as nossas dores, é derivado dos muitos acúmulos de ventos que vamos deixando nos invadir.

Porque o que há de menor em todos os nossos amores, é derivado dos muitos ventos que vamos deixando nos consumir.

Porque o constituir-se de ventos é tão grande quanto todos os amores que nos consomem, pois só assim, nos ventos, é que as dores se dissolvem.

(Duane Valentim)